Café Econômico

A Volta do fluxo externo na Bolsa

Na sexta-feira o IBOV fechou em alta de 0,55%, 3,21% de alta no acumulado da semana, aos 106.471 pontos.

Economia:

O preço médio da gasolina no país, em julho, ficou em R$6,50, uma queda de 14,01% sobre o mês anterior, já o etanol ficou em R$5,50, 8,34% mais barato.

Todas as regiões do país tiveram redução no preço, sendo maior na região Sudeste, com queda média de 18%.

Com as “bondades” do governo, todos os preços administrados tiveram alívio, o que jogou pra baixo as expectativas inflacionárias para 2022. Já para 2023, com o fim das bondades, a expectativa é de novo alta na inflação.

No lado dos juros, amanhã sai a ata do COPOM que será um driver importante de ser acompanhado pelo mercado, uma vez que grande parte acredita ser desnecessário subir os juros acima dos 13,75% conforme comunicado pelo BC na quarta-feira passada.

No seu relatórios, o BC afirmou que a agenda contracionista seguirá até que a inflação ceda ou até que os players do mercado mudem suas expectativas.

Pelo jeito, o relatório já foi suficiente para fazer o mercado se acomodar e não pedir mais juros por prêmio de risco ao Banco Central, o que abre uma grande janela de oportunidades para a renda fixa, principalmente para os títulos prefixados e híbridos.

Internacional:

Na China, indicadores importantes da atividade da economia saíram no final de semana: importações de soja, óleos vegetais, carnes e miúdos e fertilizantes caíram forte no mês de julho, enquanto as exportações subiram 18%, acumulando um superávit de 101 bilhões de dólares em julho.

Militarmente, a China realizou pelo quarto dia consecutivo exercícios militares no ar e no mar ao redor de Taiwan, em retaliação à visita de Nancy Pelosi.

A Ucrânia continua exportando grãos através do porto de Odessa, que apesar de ter sofrido ataques há algumas semanas, está fora dos alvos Russos após um acordo realizado entre os países com intermediação da ONU.

No entanto, um bombardeio perto de uma usina nuclear na ucrânia causou explosões na estação e gerou temores de que a guerra gerasse mais uma catástrofe nuclear.

Nos EUA, uma votação que teve início na noite de sábado e se estendeu até domingo, aprovou um pacote de mais de 700 bilhões de dólares para que, em 10 anos, sejam investidos capital para agenda climática e saúde.

Para sustentar o projeto, serão criados ou modificados alguns impostos, por exemplo: foi aprovado o mínimo de imposto de  15% sobre grandes empresas e a criação de um imposto de 1% sobre recompra de ações.

A votação ficou 50 a 50, e o voto de desempate foi da vice-presidente, Kamala Harris.

Ainda nos EUA, o payroll de sexta-feira assustou o mercado, com um resultado vindo mais do que o dobro do esperado (528  mil empregos, contra 250 mil esperados), e provocou uma baita virada de mão nas apostas do FED, sobrando para o CPI de julho que sai nessa quarta-feira ditar o tom do mercado: se o CPI vier alto, o mercado vai bater nas ações e buscar segurança com os juros em alta; se o CPI vier baixo, então retomará a esperança de um FED menos agressivo e o mercado de ações deve seguir em movimento de alta.

Na quinta-feira, logo depois do CPI, saí o PPI que é o índice de preços ao produtor. Geralmente, quando temos uma inflação em alta ela aparece primeiro para o produtor para então em seguida vir para o consumidor. É como se o PPI fosse um “spoiler” do CPI.

O interessante do Payroll forte é que, ao mesmo tempo que ele indica um FED mais agressivo nos juros para conter a inflação, ele também mostra que o risco de recessão é menor. Ou seja, aquilo que fez as bolsas caíram mais bruscamente, com receios de que a recessão viesse mais forte, pode não se concretizar.

De qualquer forma, boa parte do mercado ainda precifica um aumento de 0,75% nos juros americanos em setembro.

Do lado das commodities, o petróleo e o minério de ferro avançaram com animação dos investidores sobre a retomada da produção de aço em algumas províncias da China.

Mesmo com o avanço do Petróleo, a semana foi de queda forte, de 9% no barril retomando o patamar dos US$90.

Bovespa:

Na sexta-feira o IBOV fechou em alta de 0,55%, 3,21% de alta no acumulado da semana, aos 106.471 pontos.

Nada explica melhor o descolamento do IBOV e do dólar do cenário internacional do que a percepção da volta do fluxo externo, no momento que coincide com o ciclo do Copom que, se não acabou, está quase.

Aquele investidor que havia fugido para a renda fixa começa a retornar e faz a bolsa doméstica testar os 107 mil pontos.

Em agosto, já temos cerca de R$3,58 bilhões positivos acumulados em entrada de fluxo internacional e o volume começa a indicar uma retomada. Na sexta-feira, foram negociados mais de R$26 bilhões… Cerca de R$8 bi a mais do que havia sendo negociado.

VALE ganhou 1,3% cotada a R$68,00 as ações e Petrobras subiu 1,93% a R$34,87. Ambos os setores de materiais básicos e de Petróleo e Gás avançaram sexta-feira na bolsa.

A rodada de balanços segue forte essa semana, com muitas empresas divulgando seus resultados. Hoje tem Direcional, Itaú, Banco Pan e BB Seguridade.

Dólar

Com a retomada do capital estrangeiro, pelo menos por enquanto, o dólar também surfa na onda da bolsa, vindo para baixo e fazendo o real se apreciar.

O Dólar fechou sexta-feira com uma queda de 1,03% aos R$5,16, já o futuro de dólar fechou em R$5,20. Com o dólar vindo mais para baixo os juros futuros também cedem, os dois caminham quase que de mãos dadas na economia na maior parte do tempo.

O DI futuro para janeiro de 2027 que já chegou a quase 14%, fechou sexta-feira a 12%.

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