Café Econômico

Bolsas Mundiais em Queda

Ontem foi o dia da pauta internacional tomar conta dos mercados: dólar e juros subiram, não somente aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Não foi exclusividade brasileira.

Política: 

Ao lado de Bolsonaro, Arthur Lira repetiu o presidente, culpando os impostos cobrados pelos governadores pela alta e dos combustíveis e prometeu levar hoje à reunião de líderes da Câmara uma proposta para fixar o valor do ICMS dos combustíveis. 

No Twitter escreveu que “O Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$7 e o gás a R$120”, cobrando uma solução da Petrobras, no mesmo dia em que a companhia anunciou um reajuste de 8,9% no preço do diesel. 

O que o Brasil não pode tolerar é um Congresso que custa R$30 milhões por dia. É fácil demais culpar uma empresa privada pelo preços dos combustíveis que são cotados internacionalmente, quero ver é ter coragem de diminuir o tamanho do Estado. 

O que agrava mais ainda a nossa situação é a possível extensão do auxílio emergencial, enquanto não avançam nem as questões sobre os precatórios e nem o projeto do IR no Senado. A ideia seria prorrogar o auxílio até abril de 2022, mais 6 meses. 

Paulo Guedes disse ontem à noite que é só aprovar essas duas pautas que o mercado sossega, porém, o buraco é mais embaixo. A PEC dos precatórios e de reforma do IR são péssimas do ponto de vista de credibilidade do governo e de aumento de impostos, e os mercados não gostam disso. 

CPI da Covid

O dia promete ser quente na CPI com o depoimento do empresário Luciano Hang. A mãr dele foi atendida pela Prevent Senior, e segundo denúncias de dossiê elaborado por médicos, teria tido seu atestado de óbito forjado, com a anuência de Hanh, para não relacionar o uso do “kit covid” à morte por coronavírus. 

Com isso a advogada representante dos médicos que denunciam a Prevent Senior acusou o governo Bolsonaro de firmar um pacto com a Prevent para validar o tratamento com medicamentos sem eficácia comprovada e disse ainda que essa estratégia estava alinhada aos interesses do Ministério da Economia em não querer mais um lockdown no país. Dito isso, a comissão defende ouvir agora Paulo Guedes ou o secretário de Política Econômica do Ministério da economia, Adolfo Sachsida, na semana que vem. 

Essa declaração fez com que o clima no Senao mudasse e o presidente da CPI, Omar Aziz, vai estender os trabalhos da comissão, que seriam encerrados na próxima semana. 

Economia: 

A ata do Copom ontem sinalizou que o BC deve elevar os juros até um nível significativamente contracionista, apertando mais ainda a Selic a cada reunião. Para outubro já estão contratados um aumento de 1 ponto percentual na Selic, para 7,25% e os bancos já precificam a Selic a 8,25% até o final do ano. 

GPM de setembro deve apontar deflação, o que é positivo para o déficit fiscal e deve surpreender positivamente após os dados do Governo Federal e para o CAGED com a estimativa de criação de 330 mil novos empregos. Essa queda pode ser justificada principalmente pela queda acentuada do minério de ferro. 

Além disso, o déficit fiscal do governo em agosto ficou em 9,8 bilhões, muito melhor que os 15,4 bilhões esperados. 

Ontem a Fitch, empresa de rating melhorou a previsão do déficit primário para 2021 do Brasil, passou de 2,4% do PIB para 1,5% e a relação dívida/PIB deve cair de 88,8% para 81,5%. 

Internacional: 

Ontem foi o dia da pauta internacional tomar conta dos mercados: dólar e juros subiram, não somente aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Não foi exclusividade brasileira. 

O yield da Note-10 anos rompeu ontem 1,50% e o dólar fica cada vez mais forte com a contagem regressiva para o tapering e novas especulações de que o FED pode subir o juro duas vezes no ano que vem, o que impacta diretamente as empresas do setor de tecnologia que dependem muito de financiamento para manter suas operações. 

Com isso, as bolsas americanas caíram em conjunto ontem e levaram o IBOV para baixo também. 

Nasdaq: -2,83%; 

Dow Jones: -1,63% 

S&P500: -2,04% 

Essa virada do mercado internacional pega o Brasil em um mau momento, com desafia da inflação, juros elevados, PIB fraco e  riscos fiscais que crescem à medida que as eleições de 2022 estão no topo das prioridades em Brasília. 

Além disso, a possibilidade de o governo americano ficar sem financiamento a partir de outubro, apressou Powell e Yellen a fazerem apelos para que o Congresso evite que os EUA entrem em default pela primeira vez na história. Ambos reforçaram a urgência de elevar o teto da dívida pública. 

Os índices de confiança do consumidor lá nos EUA que já haviam saído surpreenderam negativamente em setembro, a expectativa era de 114,9 e o índice veio em 109,3 o que adiciona cautela à economia americana sinalizando um impacto maior do que o esperado da variante Delta. 

EverGrande 

A Evergrande, incorporadora chinesa que passa pro sérios problemas de solvência, está vendendo alguns de seus ativos para conseguir liquidez, inclusive com mais um juros de dívida vencendo hoje e sem dinheiro para pagar.  

Bovespa: 

Na segunda feira, o dólar, o juros e a bolsa subiram, e aí no café econômico de ontem a gente disse: alguém está mentindo. Pois é, quem estava mentindo era o IBOV. 

Ontem, mais uma vez o dólar e os juros subiram e a bolsa caiu 3% e com um volume alto, quase 40 bilhões de reais negociados. O IBOV fechou ontem aos 110.123 pontos. 

Notícias ruins não faltaram ontem: 

  • A China decidiu banir o uso do carvão e substituí-lo por gás natural, despertando para uma crise energética que já leva a apagões programados em Pequim e Xangai. Os temores relacionados à escassez de energia elétrica comprometem o quadro das  indústrias chinesas na produção de componentes importantes para carros, celulares e televisores, e antecipam crescimento de menos de 8% para a China. 

As incertezas sobre a economia chinesa vieram forte e fez o minério de ferro cair mais 6% e abalar o humor da bolsa brasileira, que depende muito de commodities. 

VALE caiu 5,01%, CSN 7,84% e Usiminas 7,27%. 

  • Temos também o ajuste dos juros americanos, com a proximidade do tapering 
  • As declarações da Yellen para furar o teto de gastos do governo americano; 
  • A ameaça de desancoragem da inflação com os riscos fiscais brasileiros; em especial o auxílio emergencial e Bolsa família 
  • As falas intervencionistas na Petrobras, tanto de Bolsonaro quanto de Arthur Lira. É o fantasma da ingerência política rondando a Petrobras, filme que o mercado já assistiu diversas vezes em outros tempos e não deseja ver denovo.  

Dólar 

Hoje será realizado o segundo leilão extraordinário de Swap Cambial, com a mesma oferta de 700 milhões de dólares pelo banco central, porém, isso não deve conter a apreciação cambial, o DXY deve continuar subindo hoje. 

Ontem, o dólar chegou a bater os R$5,45 nesse ambiente de estresse fiscal do Brasil e também do cenário internacional.

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