Café Econômico

Estagflação na Europa

Política: 

Bolsonaro se exaltou em sua live ontem enquanto a Petrobras se preparava para anunciar seus resultados do primeiro trimestre. 

Ele disse que era um “absurdo” e “inadmissível” que a empresa aumente sua margem durante na crise. Para ele, “a Petrobras não entende ou não quer entender, só está de olho no lucro, tem uma gula enorme”. E completou dizendo que “mais um aumento no preço dos combustíveis pode quebrar o Brasil, pode causar uma convulsão social” e que se a empresa fosse estatal “já teria reduzido as suas margens”. 

O resultado da Petrobras foi comparado com o trimestre anterior, em que a cotação do Petróleo estava mais baixa. 

Com essa fala, o atual presidente, José Mauro Coelho, já começa a enfrentar uma pressão do governo para não reajustar os combustíveis, principalmente o diesel, que afeta os caminhoneiros, categoria que apoia Bolsonaro. 

Mas é importante relembrar que a Petrobras já trabalha com uma defasagem nos preços de25% para o diesel e de 17% para a gasolina, ou seja, ela está mantendo os valores abaixo do de mercado. 

Além das questões da Petrobras, o presidente disse que vai contratar uma empresa para auditar as eleições e pediu ao TSE que retire a confidencialidade das nove propostas feitas pelas Forças Armadas que suspostamente ampliam a segurança das eleições de outubro. 

Começamos a perceber então que o governo está se preparando para resistir a uma eventual derrota, colocando seus apoiadores contra um resultado não favorável. 

Internacional: 

Nos EUA, o payroll de hoje deve apontar uma abertura de 400 mil vagas de trabalho em abril, e uma taxa de desemprego de 3,5%. Porém, com a inflação no topo das preocupações, o salário médio pago/hora é o que mais interessa. 

Ontem o mercado abriu os olhos e voltou a ficar cético em relação às decisões do FED. Na quarta-feira, depois de ter aumentado os juros em 0,5% e contratado mais alguns aumentos sucessivos, o mercado se animou e fechou positivo. Porém, ontem mesmo a festa já tinha acabado e as bolsas entregaram toda a alta de quarta-feira e mais um pouco. 

O mercado está com medo de tudo nesse momento: se o FED errar o juros para baixo, a inflação dispara; se errar para cima os EUA entram em recessão; e se não fizer nada, estagflação. 

Os juros de 10 anos voltaram a superar os 3% e as bolsas afundaram: 

SP: -3,56% 

Dow Jones: -3,12% 

Nasdaq: -4,99% 

Amazon, meta, Apple, Microsoft, Moderna, Tesla, e-bay… Todas afundaram entre -5% e -12%. 

O DXY também respondeu, com o dólar se valorizando em 1,14%, principalmente por causa do tombo da Libra. 

O BC Inglês subiu o juro pela quarta vez seguida, em 0,25%, chegando em 1% de juro ao ano. Três do nove integrantes do comitê de política monetária defenderam um aumento maior nos juros, de 0,50%. Na dúvida do que fazer, o BC optou por não subir os juros de forma mais forte a fim de que a Europa não piore sua economia em uma estagflação: inflação elevada e PIB baixo. 

A inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 7,50% na Zona do Euro, quase 4 vezes maior do que a meta de 2%. 

Bovespa: 

Por aqui, também não demorou nada para que o mercado acordasse para a realidade e entregasse os ganhos de quarta-feira. Basicamente, o que o mercado entendeu na quarta-feira, é que o FED não subiria os juros em 0,75%, somente em 0,50%. Mas, o que Powell realmente disse é que um aumento de 0,75% nos juros não eram necessários agora, por enquanto. 

Como a ficha do mercado caiu e as bolsas americanas derreteram, por aqui não foi diferente. O IBOVESPA caiu 2,81%, aos 105.304 pontos, e com volume financeiro de 36 bilhões, acima da média. 

Com uma virada no fluxo, a B3 apresentou saída de mais 1,78 bilhão de capital estrangeiro na terça-feira. As entradas acumuladas no ano, saíram de 64bi para 54 bi. 

Os receios giram em torno do mundo todo: EUA está desacelarando a economia com aumento de juros e uma possível recessão econômica; a Europa também está com o mesmo receio; e a China fazendo lockdowns extremamente agressivos e reduzindo a demanda por commodities, jogando também sua inflação e o seu PIB para baixo. 

Dólar 

O dólar ontem passou por picos de estresse e refugou as teorias de que o dólar cairia depois de a inflação não deixar o Copom encerrar o ciclo de aperto em maior, o que favoreceria o carry trade.  

Mas na prática as coisas funcionaram bem diferente e a moeda americana já abriu com um gap de alta de 1%, resgatando os R$5,0 e fechando com mais de 3% de alta. 

Se os juros americanos aumentarem 0,75% em alguma das próximas reuniões, as expectativas de que uma Selic a 13% seja capaz de inibir a fuga de capital estrangeiro pode não ser mais verdadeira, e o BC tenha que subir mais ainda os juros por aqui, para evitar que o dólar dispare e junto com ele, a inflação. 

Ou seja, se você está pensando em se travar em um título prefixado ou atrelado à inflação para o longo prazo, ainda não é o momento! 

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