Café Econômico

O Equilíbrio de Nash

O cenário político que se constrói pode ser explicado pelo Equilíbrio de Nash, que é um complemento à teoria dos jogos. O Equilíbrio de Nash é um modelo matemático que representa uma situação em que, em um jogo envolvendo dois ou mais jogadores, nenhum deles tem a ganhar alterando sua estratégia de forma unilateral. É um sistema de competição estável.

Política:

Programas de governo, tanto do Lula quanto do Bolsonaro, prometem ampliar a progressividade do sistema tributário com taxação maior dos brasileiros mais ricos.

O presidente, ontem, antecipou que quer dar isenção do IR para quem ganha até 5 salários mínimos.

Já a coordenação da campanha do Lula, o ex-governador do Piauí, Wellington Dias, disse para o Broadcast que a equipe tem conversado com economistas de linhas diversas e a ideia é fazer uma política econômica mais ao centro.

Eu não sei se vocês lembram, provavelmente não, mas há mais ou menos uns 6 meses atras eu fiz um café econômico em que disse o seguinte:

O cenário político que se constrói pode ser explicado pelo Equilíbrio de Nash, que é um complemento à teoria dos jogos. O Equilíbrio de Nash é um modelo matemático que representa uma situação em que, em um jogo envolvendo dois ou mais jogadores, nenhum deles tem a ganhar alterando sua estratégia de forma unilateral. É um sistema de competição estável.

Um exemplo muito bom disso são duas pessoas vendendo sorvete em uma praia limitada.

Ambos possuem 50% dos consumidores pq estão distribuídos igualmente.

Mas aí, um deles percebe que se ele for um pouco mais para o meio, ele consegue atender todos os seus clientes e ainda roubar uma fatia de mercado do outro sorveteiro.

O outro sorveteiro então, percebe que está perdendo mercado e faz o mesmo movimento para igualar novamente as vendas e até tentar roubar também um pouco do outro.

E esse movimento continua até que os dois estejam ao lado um do outro, bem ao centro.

A mesma coisa está acontecendo na nossa política há meses!

De certa forma, um candidato representa a esquerda e outro a direita, mas eles percebem que se colocarem propostas que conversam com o outro lado, ou seja, migram mais para o meio, eles tendem a pegar mais eleitores, e assim ambos os candidatos vão tendendo ao centro.

No fim das contas o que a gente vai ter efetivamente são dois lados da mesma moeda em uma disputa que é mais um Teatro das Tesouras, em que ambos têm propostas semelhantes, mas se atacariam apenas individualmente.

Economia e Internacional:

Hoje às 09:30 sai o indicador de inflação ao consumidor de julho, o CPI, lá nos EUA. O consenso é de que venha com uma leve alta, de 0,2%, uma forte desaceleração em relação ao mês de junho que foi de +1,3%. Na comparação anual, a inflação ao consumidor lá nos EUA está rondando a casa de 9,0%, valor muito alto para os padrões norte-americano.

A ideia é que o CPI traga o reflexo do mercado de trabalho aquecido por lá. Depois do Payroll de sexta-feira passada, se essa medida vier forte também, o FED tem todos os motivos para mais uma alta de 0,75% nos juros.

Com essa leitura, o Banco Central brasileiro, e o mercado também, está esperando qual será o valor do CPI hoje para então poder precificar uma nova alta de juros por aqui.

Ontem, os juros futuros operaram em alta com a grande maioria do mercado projetando uma estabilidade para a Selic, no entanto, alguns players apostam em um ajuste final de 0,25%, elevando para 14% a Selic terminal.

O ajuste maior ficou para os contratos mais longos, que acaba refletindo um pouco a incerteza com o CPI de hoje nos EUA.

Já o indicador de inflação de julho que saiu ontem aqui, apontou uma deflação de 0,68%, o que corrobora para uma estabilidade da Selic em 13,75%.

Segundo o IBGE se não fossem as desonerações fiscais nos preços de energia, transporte, combustíveis e telecomunicações, era para o IPCA de julho ter vindo em +0,70% ao invés de -0,70%.

Conforme a gente já tinha comentado aqui para vocês, o setor de serviços é mais lento para absorver as mudanças da economia… O núcleo da inflação ainda veio elevada, os Serviços apresentaram uma inflação de +0,80%  e alimentação de +1,30%.

Então a gente percebe que a queda da inflação realmente veio nos preços administrados, que sofreram essa interferência temporária do governo.

O lado positivo, é que a difusão da inflação veio mais baixa do que o mês de junho, isso mostra que os juros altos começaram a ter um reflexo na desaceleração da inflação.

No acumulado de 12 meses, a inflação está em 10,07% e a expectativa é fechar o ano de 2022 com uma inflação entre 7% e 8%.

A ata do COPOM ontem não modificou em nada o comunicado anterior da semana passada, mantendo a ideia de que o o fim de ciclo de alta já se estabeleceu, mas que só subiria os juros em 0,25% caso o cenário internacional ficasse mais desfavorável.

Portanto, na visão do BC, caso nada lá fora aconteça de pior, os juros por aqui permanecerão em 13,75% por um bom tempo, até que a inflação esperada entre o 1ºTRI de 2023 e o 1ºTRI de 2024 convirja para 3,5%, mantendo os juros altos por bastante tempo.

Bovespa:

O IBOV ontem, fechou em alta leve, de 0,23% aos 108.651 pontos, com volume de R$26,9 bilhões. É porovável que hoje a gente tenha uma realização de lucros dos investidores, uma vez que a bolsa já está com 6 pregões seguidos de alta e já subiu a Selic do ano interior em menos de 2 meses.

De qualquer forma, a gente já vê um giro mais interessante nesse movimento de alta, e se nenhum Cisne negro atrapalhar, podemos ter um cenário de alta ainda até o segundo turno das eleições.

Dólar

Já o dólar não tem muita novidade, uma vez que ele anda em “clima de espera” até sair o CPI nos EUA para tomar um rumo. Ontem, o dólar futuro fechou em alta de 0,23% aos R$5,16.

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