O que é a Taxa Selic e como sua redução irá impactar sua vida?

Muito se ouve falar da Taxa Selic, mas o que é ela afinal? Como ela afeta e muda o ritmo da sua vida, do preço que você paga nos produtos, o futuro da sua próxima viagem e como ela pode te deixar mais rico ou pobre. Enfim, são muitas variáveis e dúvidas que pretendo responder nesse artigo.

Vamos começar pelo início, o que é afinal essa taxa SELIC?

Sistema Especial de Liquidação e Custódia, foi criada em 1979 pelo Banco Central e pela ANDIMA (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) para deixar mais claro e transparente a negociação de títulos públicos.

A taxa SELIC serve para definir a taxa básica de Juros do Brasil, ou seja, o quanto o governo está disposto a pagar aos bancos para tomada de dinheiro com isso todas as demais taxas de juros para seus empréstimos, financiamentos e rentabilidade seguem como referência a taxa SELIC.

Como é definida a taxa SELIC?


Sua definição vem através de reunião de especialistas que forma o COPOM (Comitê de Políticas Monetárias) que é um órgão do Banco Central que se reúne em média a 45 dias. Os membros do conselho assistem a apresentações técnicas do corpo funcional do Banco Central que tratam da evolução das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do comportamento do mercado. Depois de discutirem sobre a situação macroeconômica e os principais riscos associados, todos os membros votam e seus votos são divulgados no mesmo dia pela internet, porém a ata com mais detalhes é divulgada em até 6 dias após a reunião.

Uma vez definida a taxa Selic, o Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

Qual o objetivo do Copom alterar a taxa SELIC?

Quem não gostaria de escolher quanto pagar de juros em um empréstimo, não é mesmo? Nessa ótica porque então o COPOM não abaixa sempre a taxa de juros e deixa ela o mais baixo possível? Essa é uma dúvida muito comum e a resposta é simples. A relação de juros está ligada diretamente a inflação e políticas monetárias.

Relação Juros x Consumo

O Banco Central tem como remédio para inflação a taxa de juros. Sabemos que o grande problema de qualquer economia é a inflação, que uma vez que sai do controle é dificilmente controlada sem medidas drásticas e por isso todo governo tem como objetivo fiscal, manter a inflação equilibrada dentro de uma meta. Aqui no Brasil por exemplo, quando esse texto está sendo escrito, nossa meta de inflação é de 4,25% ao ano.

Toda vez que eleva a taxa de juros os empréstimos e financiamentos ficam mais caros e as pessoas naturalmente consomem menos com isso a indústria e comércio são obrigados a abaixar os preços para estimular as vendas e temos uma redução natural da inflação.

Se o Banco Central percebe que a economia está lenta ou estagnada a redução da taxa de juros facilita o crédito e naturalmente estimula o consumo. As empresas com mais lucro aumentam a contratação de funcionários, aumenta o salário que consequentemente consomem mais criando um ciclo virtuoso de crescimento que é interrompido pelo fim da capacidade ociosa das empresas que chegando no seu limite de produção e o mercado ainda aquecido e querendo consumir mais produtos começa então a aumentar o preço de seus produtos (oferta e demanda) o que gera inflação que por sua vez s tornar alta demais, ou fora da meta o COPOM terá que reduzir a taxa de juros para conter o consumo.

Em teoria e em um cenário perfeito a taxa de juros é o melhor remédio para equilibrar uma economia, mas a taxa de juros tem outros impactos que vamos ver logo a seguir.

Selic e rentabilidade dos investimentos em renda fixa

Como a taxa básica de juros determina os demais juros da economia, com os investimentos não seria diferente. O banco recebe o dinheiro das pessoas para emprestar a outras e remunera-las como uma parte dos juros. Como o governo é a entidade mais segura para se emprestar dinheiro ele acaba sendo um porto seguro para quem quer aplicar com alta liquidez e segurança.

Hoje a taxa de juros está definida em 6% ao ano, isso quer dizer que qualquer aplicação de renda fixa tem como premissa remunerar abaixo desse patamar.

Poupança, CDB, LCI, LCA e Tesouro direto são diretamente influenciados pelas alterações na SELIC as vezes tornando a rentabilidade real (juros real) dessas aplicações negativo.

Para entender se o seu investimento está de fato valendo a pena, temos que calcular os juros real.

Juros Nominal e Juros Real

Juros real é a diferença do juros nominal, este definido pelo COPOM menos a inflação. Ou seja, quanto de fato está se pagando de juros.

Exemplo: Temos um juros nominal de 6% ao ano e uma inflação de 4% então chegamos no juros de 2% ao ano.

Imagine uma situação onde a inflação é maior que a SELIC ou muito próxima a rentabilidade dos investimentos pode sim ficar negativa.

SELIC e rentabilidade dos investimentos na Renda Variável

Quando falamos de renda variável, juros é inversamente proporcional. Quanto mais baixo o juro mais atrativo tente da ser os investimentos em ações. Ao estimular o consumo com juros mais baixos as empresas tendem a aumentar o faturamento, receita, lucratividade e consequentemente seu valor do mercado.

O Brasil por muitos anos foi considerado um dos maiores pagadores de juros real do mundo, o que gerou uma cultura de rentistas, pessoas que aplicavam em renda fixa com alta rentabilidade real onde a origem desse lucro é baseado na capacidade da população se endividar com altas taxas de juros e honrar seus compromissos. Entretanto o Brasil vem entrando em um novo ciclo de taxa de juros real baixa o que faz o investidor migrar para renda variável onde a rentabilidade é baseada na lucratividade, eficiência e crescimento das empresas. Uma forma muito mais saudável e sustentável de rentabilizar.

Taxa de juros no Brasil e impacto de outros países

O mundo está globalizado e isso não é novidade, mas a conectividade global nos afeta muito mais do que percebemos, um exemplo disso são alterações nas taxas de juros de países desenvolvidos, países em desenvolvimento ou países próximos.

Quando os FED por exemplo, reduz a taxa de juros os investidores com aplicações nos EUA começam a ter menor rentabilidade na renda fixa e naturalmente migram uma parte desse capital para renda variável e uma forma de diversificar o risco e volatilidade é buscar investindo em bancos centrais que estão pagando um juros mais elevado isso chamamos de Smart Money aquele dinheiro que entra no país não interessado em investir em empresas, infraestrutura ou crescimento mas vem apenas com o objetivo de emprestar dinheiro a juros elevado, com liquidez e segurança.

SELIC e taxa de câmbio

Smart Money é um grande motivo de volatilidade de moeda o que se for em grandes quantidades afeta inclusive a inflação podendo em casos extremos desestabilizar a economia local por um espaço de tempo.

Outra influência que o câmbio sofre também relacionada a taxa de juros é quando empresas brasileiras buscam fazer dividas e empréstimos internacionais para fugir da alta taxa de juros no Brasil em momentos de crise e como é necessário converter o dólar em moeda local dependendo do volume de capitação que não só uma, mas várias empresas fazem podem ter um pacto significativo no cotação da moeda no curto prazo.

Juros e o mercado futuro

O mercado futuro de índices, moedas e commodities além de derivativos também são diretamente influenciados pela taxa de juros pois como seu objetivo é contrato futuro na sua base de cálculo são considerados os juros, mas isso veremos em mais detalhes em um outro artigo.

Juros são essenciais em uma economia e vimos aqui nesse artigo o papel importante do banco central em regular a taxa de juros para conter a inflação e tão grade é seu desafio de manter tudo equilibrado com tantas variáveis.

Agora toda vez que você ouvir falar em mudança na taxa de juros já tem uma dimensão mais clara do que de fato está acontecendo na economia.