Café Econômico

Paulo Guedes Contra o Mundo

Política: 

Paulo Guedes volta aos holofotes essa semana e mais uma vez deixa claro que o governo não vai abrir mão do Bolsa Família turbinado, inclusive disse que, se a reforma do IR não for aprovada no Senado é capaz de o governo simplesmente estender um auxílio emergência de R$500,00 e dizer: “Está ai o bolsa família”. 

Uma das possíveis soluções contábeis do governo, proposta pelo deputado Marcelo Ramos é quitar os precatórios e então retirá-lo do teto dos gastos públicos, o que significaria uma pressão para a dívida pública. Ou seja, Guedes está com um olho no legislativo, para aprovar a PEC do precatórios, outro no STF, apelando pela ajuda de Fux. 

No congresso a coisa parece tão complicada quanto está para o Judiciário. O parcelamento das dívidas é vista como calote, e a gente sabe que é no Senado que o Lobby é forte, por isso as chances de não aprovação nem da PEC dos Precatórios e nem da reforma do IR são altas. 

Guedes reclamou de todo mundo. Falou que o TCU só respeita o teto de gastos quando propostas vêm do executivo, mas o legislativo e judiciário há margens para não serem respeitadas. Criticou a oposição, dizendo que se o barulho político acabar, o dólar se acalma, e reclamou levemente de Bolsonaro, falando que ele não atende todas as demandas do ministro, mas que faz parte da política. Por fim, ainda disse que essa história de estagflação não existes e que os fundamentos fiscais são sólidos. 

Apenas lembrando que estagflação é quando um país entra em um processo inflacionário alto, porém não há crescimento da economia. O que é um péssimo estágio econômico! 

Economia: 

Convencido de que o crescimento econômico do Brasil será sacrificado pela crise hídrica, inflação e desemprego, o mercado não comprou ontem o IBC-Br acima do consenso. 

O IBC-Br é considerado uma prévia do PIB e o dado subiu 0,60% em julho, superando as expectativas de 0,40%.  

Nos últimos dias, os grandes bancos já haviam feito uma correção para o PIB, ajustando para aproximadamente 1,0% 

Em relação ao BC, 1 dia depois de Roberto Campos Neto dizer que irá limitar a alta da Selic em 1 ponto no Copom da semana que vem, os juros curtos apontaram um viés de baixa. O mercado vinha precificando um aumento da Selic em 1,25 ou até 1,50, mas a cartada do RCN retirou essas especulações e fez a curva de juro curta afundar. Porém, na curva longa, juro projetado para 2027, ainda temos uma previsão de Selic acima de 10%, considerando todo o risco fiscal do país. 

Bovespa: 

O IBOVESPA ontem fechou negativo em 0,96% com um volume bem elevado, de R$46,3 bilhões. Boa parte desse olume está inflado em função do vencimento das opções de amanhã.  

Os grandes papeis que compõem o índice caíram em bloco ontem, pesando com os ruídos domésticos e com a queda de 4,13% do minério de ferro. 

Na contramão da queda, estiveram as petrolíferas, com a alta do petróleo acima dos 75 dólares, a recuperação de Petro corrigiu o pessimismo de que a ingerência política voltasse ao radar, com intervenções do governo. Essa alta do petróleo se deu boa parte em função do furacão Ida nos EUA, e os dados mostram uma certa dificuldade do país em retomar a sua produção normal. 

Ontem, as maiores quedas vieram das empresas do setor educacional e do varejo, que sentem muito a pressão do desemprego e do juros altos.  

Cogna caiu 4,42% 

Americanas 4% 

Nature 3,4% 

Via quase 3% 

E Magalu 2,41% 

Todas em queda! 

Onda de cancelamento de IPOs retira boa parte da capitação esperada pelo mercado. Mais de 50 empresas já fizeram os cancelamentos, ontem foram mais duas, NOVA HARMONIA e RIO ENERGY. Ainda há expectativa de mais uns 10 cancelamentos pela frente. Em função do ambiente de negócios ruins, os IPOs teriam que vir com preços abaixo do que a companhia gostaria, então decidiram cancelar as ofertas. 

Porém, na contramão dos IPOs têm as emissões de debêntures. Esse mercado está bem aquecido, pois tem conseguido manter taxas atrativas e o interesse do investidor maior em segurança. Dessa vez, a B3 anunciou a emissão de 700 milhões de dólares de bonds sustentáveis. Localiza tbm aprovou a emissão de debêntures em 1,5 bilhões.  

Internacional: 

Com os dados de vendas a verejo e de seguro desemprego fracos nos EUA, aumentam os receios de ma estagnação da economia americana. 

Porém, mesmo com esse possível receio, as bolsas subiram ontem, muito em função do índice Empire States que saiu de 18,3 para 34,3 em setembro, contrariando a aposta de queda do índice. 

Dólar 

Assim como a questão fiscal impacta os juros longos, mantendo os valores altos, o dólar é impactado da mesma forma. Mesmo depois de Paulo Guedes dizer que temos condições de ver um dólar abaixo dos R$4,00, ainda não há grandes expectativas, pelo menos no curto prazo, de ver o dólar abaixo dos R$5,00, precisaríamos ver as tensões políticas e fiscais ficarem mais leves, algo difícil de acontecer. 

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