Café Econômico

Precisamos conversar sobre a Petrobras

Ontem, a troca de comando da Petrobras refletiu nas ações, que caíram em NY e por aqui também.

Política: 

Ontem, a troca de comando da Petrobras refletiu nas ações, que caíram em NY e por aqui também. Bolsonaro que reduzir a frequência dos reajustes dos combustíveis para dar mais previsibilidade em tempos de guerra da Ucrânia. 

Olha só a justificativa! Usando de uma eventualidade cujo impacto até hoje não foi tão significativo no Petróleo para fazer interferências. Inclusive o governo não descarta a possibilidade de mudar o Estatuto para suspender a paridade internacional em momentos de crise. 

Isso é complicado, porque abre precedentes para qualquer coisa ser chamada de crise e, eventualmente, acabar de vez a política de preços da Petro.  

O engraçado é que a interferência na Petrobras é conduzida com uma narrativa liberal por Guedes e Sachsida, incluindo a defesa da sua privatização e o respeito à governança, mas seguem executando tudo diferente. 

E olha só as “Peixadas” que estão rolando: Sachsida é Ministro de Minas e Energia, e está ajudando Paulo Guedes na mudança da política de preços da Petrobrás. Quem o indicou para o cargo de ministro? Paulo Guedes! 

Caio Pais de Andrade, atual futuro presidente da Petrobrás, que parece estar discutindo meios de reajustar os preços a cada 100 dias, ideia inicial de Paulo Guedes… Foi indicado por quem para o cargo: Pois é, o próprio Paulo Guedes. 

O Estatuto da PETRO exige que o presidente tenha comprovada experiência no setor de petróleo e gás e ao menos 10 anos de atuação na mesma área da empresa pública ou em área conexa. Paes não tem nenhum dos dois requisitos. 

Já no ICMS, o projeto que define alíquota máxima de 17% para combustíveis e energia elétrica não foi votado ontem, pois os estados querem que o governo federal os compense pela perda de arrecadação. Fizeram então um acordo que se a receita cair mais do que 5% o governo dará uma “ajuda de custo” aos estados. Essa proposta deve ser votada hoje. 

Economia: 

A avaliação generalizada de que as pressões inflacionários não estão só altas, mas disseminadas, recuperou as apostas de que a Selic suba 0,5% mais duas vezes ao invés de uma… Terminando 2022 a 13,75%. 

A surpresa com o IPCA de mais +0,59%, acima do consenso de +0,45% levou o mercado a ajustar a leitura recente de que o juro subiria menos. 

No ano, o IPCA jpa acumula alta de 4,93%, e em 12 meses, subiu de 12,03% para 12,20%. Com isso, a aposta para o fim de 2022 é que a inflação fique acima de 8,0%. 

O que pode salvar a inflação de um choque pior do que o atual é a redução do ICMS dos combustíveis e energia, o que daria uma segurada em até 1,5%. 

Com isso, o Di ontem subiu em toda a curva de juros, desde os prazos mais curtos até os mais longos… O que deve fazer com que os títulos de renda fixa apresentem algumas taxas mais interessantes hoje. 

Nos Estados Unidos, dois indicadores econômicos vieram bem abaixo das expectativas e retomam o cenário de possível recessão em 2022 ou 2023. Porém, não descartaram as altas de juros já contratadas para 2022. 

Na Europa, Lagarde disse que uma recessão na Europa não faz parte do cenário báse do Banco Central Europeu e que não precisam se apressar a subir os juros nem entrar em pânico com a inflação. Porém, o comentário não abalou a aposta do mercado de que o BCE está pronto para começar o ciclo de aperto monetário por lá, refletindo na cotação externa do dólar. 

Bovespa: 

Com o investidor não tendo mais nenhuma dúvida das interferências na Petrobrás, as ações caíram ontem com os investidores dando o recado da sua insatisfação. 

Petro caiu quase 3% enquanto PetroRio e 3R subiram forte. 

No pior momento do dia o IBOV voltou a testar os 108 mil pontos, mas ao longo do dia se recuperou e fechou em alta leve de 0,21% a 110.580 pontos, com giro de 30 bilhões. 

Houve entrada forte de capital estrangeiro na B3 no pregão da última Sexta-feira de 748 milhões, coisa que não se via há uns bons dias. 

Os papeis do setor elétrico absorveram ontem a buscar por ativos defensivos: Equatorial, Engie, Taesa, Cemig, Eletrobrás… Tudo fechou bem positivo. 

A queda do Minério de Ferro de 3,44% na China foi completamente ignorada pela VALE, que subiu 1,,35%, antecipando os estímulos por Pequim. 

Dólar 

O dólar não acompanhou a tendência externa e encerrou em leve alta contra o real, após uma sessão volátil em que o ruíudo político em torno da Petrobras dominou as atensções e nem a perspectiva de Selic maior aliviou a alta. 

Depois de três pregões consecutivos de queda totalizando 3,55%, o dólar parou de cair, mas subiu pouco… 0,145 ontem a R$4,81. No futuro, o contrato fechou estável em 0,09% de alta, a R$4,83. 

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