Café Econômico

Vai Romper!

A percepção de que os preços vão abaixar no curto prazo, não muda as apostas de que a inflação de 2022 e 2023 romperá o teto da meta do BC.

Política:

O presidente Bolsonaro sustentou um discurso ontem sem ataques pessoais a outras pessoas e oficializou sua candidatura nas eleições, mas deixou um recado final: ele convocou novamente seus apoiadores a irem às ruas pela última vez… “Convoco todo mundo. Nós militares juramos dar a vida pela Pátria. Vocês juraram dar a vida pela sua liberdade”.

Durante o discurso, ele citou várias vezes, com ênfase, o apoio do presidente da câmara, Arthur Lira, e que graças a ele as medidas para reduzir o ICMS foram aprovadas no congresso.

Ainda durante a convenção, disse que, se eleito, manterá o novo valor do Auxílio Brasil em R$600 em 2023.

Essa mesma promessa também já foi feita por Lula, e teria um impacto de mais de R$50 bilhões no orçamento, o que reduz bastante espaço para despesas discricionárias.

Economia:

Na economia, o indicador mais importante dessa semana é o IPCA de amanhã, a mediana dos economistas está em um resultado de 0,16%, com diversas apostas para uma deflação em julho. Isso representa uma forte desaceleração contra o avanço de 0,69% da prévia da inflação de junho.

Essa queda na inflação reflete o impacto da redução do ICMS e a recente queda do preço da gasolina.

Porém, a percepção de que os preços vão abaixar no curto prazo, não muda as apostas de que a inflação de 2022 e 2023 romperá o teto da meta do BC.

Com isso, muitos economistas já preveem uma Selic acima de 14% esse ano, apesar do relatório FOCUS ainda mostrar uma Selic terminal de 13,75%.

Do ponto de vista fiscal, a agenda da semana terá os resultados das contas do Governo no mês de junho. Em maio, o déficit foi de mais de R$36 bilhões.

Provavelmente alguns cortes serão feitos no Orçamento de 2023… Cerca de R$12,74 bi do governo serão bloqueados. Esse contingenciamento ajuda as contas do governo em relação ao teto de gastos, e foi necessário mesmo com a arrecadação recorde, para encaixar no custo da Lei Paulo Gustavo e do piso salarial dos agentes comunitários de saúde.

A expectativa é de um déficit de quase R$60 bilhões. A meta de resultado primário do governo para 2022 é de R$170,5 bilhões negativos.

Internacional:

Dados fracos de atividade nos EUA consolidaram na 6-feira passada o sentimento de que o FED evitará um choque mais intenso nos juros americanos para reduzir as chances de uma recessão, embora a prioridade seja o combate à inflação.

A expectativa é que o ritmo de aperto diminua para 0,5% e depois para 0,25% nas duas últimas reuniões do ano, o que levaria os juros para 3,5% até dezembro, o nível mais alta desde 2008 com a crise do subprime.

Um dia depois do FED, o ritmo da economia lá nos EUA vai ser medida novamente, na quinta-feira, com a primeira leitura do PIB/2ºTRI (depois de uma contração forte de 1,6% no primeiro trimestre). E na sexta-feira tem o PCE, que é o índice inflacionário preferido do FED, que anualizado segue acima de 6,3%… Bem acima da meta de 2%.

Nas bolsas americanas, o pessimismo com o balanço da Snap, que caiu quase 40%, provocou um efeito dominó nos papeis de tecnologia… Meta -7,59%,  Alphabet -5,63%, Amazon -1,77% e Apple -0,81%.

O Dow Jones caiu 0,43%, SP -0,93% e Nasdaq -1,87%.

Na Europa, a proposta de redução do consumo de gás natural em 15% a partir de agosto, para diminuir a dependência do gás Russo, começa a enfrentar oposição na Espanha e em Portugal.

Na Ucrânia, em menos de 24h após um acordo entre Kiev e Moscou para a retomada da exportação de grãos pelo Mar Negro, a Rússia atacou o porto de Odessa no sábado, onde mais de 20 milhões de toneladas de grãos estavam prontos para serem exportados.

Bovespa:

Na bolsa Brasileira, o volume fraco tem sido recorrente… Sexta-feira a bolsa fechou aos 98.924 pontos, uma queda de 0,11% e um volume de apenas R$18,8 bilhões.

Apesar de o Petróleo ter caído na sexta-feira, a Petrobras subiu mais de 1% diante da leitura mais positiva das prévias operacionais divulgadas ao mercado.

Lá fora, o Brent voltou para baixo dos US$100 aos 98,38. O que pesou no petróleo, fopi a notícia de que a Líbia deve elevar a produção a 1,2 milhão de barris de petróleo por dia a partir de agosto (atualmente ela produz cerca de 800 mil, então, uma elevação de 400 mil barris).

Já no minério de ferro, um rali de mais de 5% de alta garantiu uma força pra VALE durante uma parte do pregão, mas o papel piorou à tarde  com o pessimismo de NY, fechando em alta de 0,93%

Santander foi o primeiro banco a divulgar seu resultado trimestral, os demonstrativos sairão na quinta-feira e deve apresentar lucro de 3,89 bilhões de reais, 7% menor que ano passado.

Um dos principais indicadores negativos é a PPD, provisão de pagamentos duvidosos, que deve ser alto para todos os bancos devido ao aumento significativo da Selic.

Ainda essa semana temos resultados de Ambev, Vivo, Suzano e Klabin.

O pior resultado da semana passada foi com o IRB, queda de 8,26%, com prejuízo de R$273 milhões em maio. E na sequência negativa, vieram as varejistas, corrigindo a alta significativa que tiveram durante a semana.

Dólar

A tensão eleitoral tem mantido o dólar em níveis mais altos… Operando em torno de R$5,50. Em relatório, a Armos Capital diz que o real não conseguiu capturar o driver externo dominante de dólar fraco na semana, principalmente em função do cenário doméstico, político e fiscal.

Mesmo depois de subir mais de 10% em junho, o dólar tem alta de 5% no mês de julho, até então.

E nessa semana o dólar deve se movimentar mais, pois, na sexta-feira, teremos o fechamento da PTAX de julho.

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